2° episódio
Depois disso deixei ela brincar a vontade, nossa! Parecia que ela nunca tinha visto uma boneca antes. E as semanas foram passando...
Deste a chegada da minha prima, comecei a pensar na reação do meus amigos. E dos pais deles. Eu não sou boba. Só não tinha ideia de como seriam as coisas. Será que algum era racista? O melhor era saber depressa. Resolvi apresentar minha prima pra toda a turma o mais rápido possível. E o melhor de tudo... ha via uma oportunidade. A festa de aniversário de Clarice, irmã de Joyce minha melhores amigas. Eu poderia apresentar Vera para todos as minhas amigas e amigos, de uma vez!
Assim, naquele dia, depois que minha prima tomou banho, eu disse pra minha mãe:
- vou levar a Verta na festa de Clarice!
Notei seu olhar preocupado. Mais ela nada disse. Minha mãe tem um gênio muito parecido com o meu. Prefere encarar os problemas de frente, sem perda de tempo! Se existisse algum problema, saberíamos bem depressa! Concordou com ideia e chamou Vera:
-Vem tomar café Vera!
Ela se sentou á mesa com o mesmo olhar assustado da noite do primeiro dia que ela veio dormi aqui, parecia ter medo de comer. Olhou para os lados , como quem verifica se tem alguém. Em seguida, pegou o pedaço de pão e devorou, encolhida, como se estivesse em um canto da sarjeta. Eu e minha mão olhamos, assustados.
- Vera, não precisa ter medo. Pode comer o pão á vontade que ninguém vai tirar de você. Veja fiz esse bolo para você.
Eu já havia sentido o cheirinho e estava engolindo em seco, de tanta vontade de comer um pedaço. Adoro bolo quentinho. Mamãe cortou uma fatia colocou num prato e deu para ela. Nossa! Ela comeu 4 fatias de bolo e depois mais 2 xicaras de café com leite e mais 2 pãezinhos. Eu não conseguia entender como ela não explodiu de tanto comer!
Mamãe saiu com o carro do papai. Foi comprar roupas para a Vera que estava usando minhas roupas, as mais queridas. E chegou o dia esperado por mim, que era apresentar Vera para a turma. Na hora da festa , minha mãe levou o carro até o prédio em que morava as duas irmãs. É era o melhor prédio do bairro. Mal entrei no prédio e todos estavam olhando para mim e para a Vera, ela estava mais bem vestida do que eu, com um vestido lindo que minha mãe avia comprado, novinho. E mesmo assim a pessoas agem de outro modo. Quando chamei ela para o elevador, o porteiro avisou, olhando para ela:
-garota, vai pela entrada de serviço.
Vera mostrou aquele olhar de medo que eu já conhecia. Começou a caminhar na direção apontada. Estranhei:
- Por quê? Ela e minha irmã!- menti.
Ele sacudiu o ombro, e sem jeito disse-
-Ah... sei. Podem subir juntas. Pensei que ela fosse filha de alguma empregada.
Nossa! Que raiva! Fiquei revoltada, elevador de serviço só deveria ser usada por que carrega compras, ou material de trabalho que possa atrapalhar a vida dos outros moradores do prédio. Foi a primeira vez que vi o rascismo de perto, na atitude do porteiro.
Continua.... O que será que Clarice vai achar da prima de Valéria? Só vendo o próximo episódio.